quinta-feira, 26 de março de 2009

Teoria da Integração (A teoria Atômica da Vida)


A teoria da integração,
Ou teoria atômica da vida

Todo o universo habita uma conexão cósmica e sábia. Não há nada do qual se possa dizer: sua existência é desnecessária. Toda a ação, e mesmo a não-ação, está contribuindo para a marcha da vida. Mesmo o que escapa das nossas mãos colabora, de certa forma, para uma outra conquista – talvez maior.
As roupas que vestimos somente protegem os nossos corpos do frio porque, em algum lugar distante, ou mesmo tão próximo e oculto, mas distante da nossa imaginação, alguém teve a paciência necessária para tosquiar uma ovelha e trabalhar na sua lã com cuidado e carinho, ou teve a perseverança de semear o algodão, cultivá-lo com esmero e maestria, colhê-lo e trabalhá-lo para transformá-lo em nossas vestes. Somente nos é permitido sentir o sabor dos alimentos em nossas línguas porque a terra se permite ser lavrada, e alguém trabalha arduamente semeando-a; a chuva também contribui para o crescimento das sementes, assim como o sol; depois, outras pessoas derramam seu suor na colheita. Alguém que trabalha do outro lado do mundo também contribui para que este alimento chegue até o nosso organismo, pois sem o combustível para o transporte do alimento, como as grandes cidades seriam abastecidas?
A madeira (fruto de uma pequenina semente que até poderíamos desacreditar da sua capacidade se não pudéssemos acompanhar seu crescimento) em que sentamos para fazer nossas refeições foi gerada no seio da natureza, derrubada e arrancada do colo da mãe-terra, martirizada por máquinas industrializadas, remodelada pela mão de alguém que consegue compreender a teoria de Lavoisier e doar novas formas à matéria. Esta madeira é irmã das páginas que abrigam as palavras que nos servem de alimento para a alma. Tais palavras foram escritas por alguém que foi impregnado pelo maravilhoso espírito do universo, no entanto, nada representam se não houver um coração em que elas possam residir. Aquele que fala, só pode dizer algo útil quando há alguém para ouvi-lo; aquele que deseja aprender a sabedoria da vida só pode compreendê-la se houver alguém ou algo para instruí-lo.
Não há amor que possa sobreviver dentro de um ser apenas; mesmo Deus, excelso em sabedoria e imenso em perfeição, não conseguiu abrigar toda a força infinita do amor; assim, criou os seres, para que tal amor perene pudesse se manifestar em toda a excelência das suas formas.
Tudo o que está ao redor de algo/alguém faz parte de uma cadeia infinita de elos e aquilo/alguém que está sendo mantido nesse círculo sagrado, por sua vez, é parte integrante de uma peça ainda maior – que está mergulhada nos oceanos encíclicos da vida.
Sempre existimos e sempre existiremos. Os átomos que existem nas moléculas dos nossos corpos são os mesmos provenientes dos frutos que nos alimentam e que, por sua vez, vêm das árvores que foram geradas pela terra, que se nutre dos vermes que se alimentam dos corpos daqueles que descansam em paz nos corações de milhares e de milhões. Um dia, nossos corpos voltarão para o pó de onde foram retirados para alimentarem os vermes que só podem sentir a vida através do sabor da nossa substância física, e que alimentarão as sementes das árvores que darão origem aos frutos que acabarão com a fome dos nossos semelhantes; não obstante, tal ciclo não findará com a morte da fome, pois esses átomos que alimentam os organismos dos nossos irmãos colaborarão na formação de gametas – que permitirão a formação de novos seres, que nada mais são que a matéria divina que sustenta o universo.
Toda vez que agredimos o nosso semelhante é contra nós mesmos que agimos, pois ele faz parte da matéria universal da qual fomos criados. Toda vez que doamos amor seja por um gesto, uma palavra, mesmo a um desconhecido, estamos inundando de energia benevolente o universo; e essa força sempre beneficia todo o mundo – e principalmente a nós mesmos. Às vezes algo de bom nos acontece misteriosamente: conhecemos uma pessoa maravilhosa, vivemos um dia extraordinário, recebemos um presente da vida... Alguns chamam isso de sorte, outros de acaso, coincidência... Entretanto trata-se da força do amor que suscitamos um dia e que, embora tenhamos demorado em presenciá-la próxima a nós – pois ela percorreu muitos caminhos doando energia positiva a muitos seres –, fomos contemplados pela sua influência benigna no momento certo.
Todas as obras da criação – pessoas, animais, plantas, objetos... – são elos divinos, e quando alguém quebra um desses elos está profanando a divindade da natureza cósmica. A caridade que alguém deixa de efetuar se torna em mal para um outro; a água que alguém desperdiça poderia ser utilizada para dessedentar um pobre sequioso; a blusa velha que alguém guarda no fundo do seu guarda-roupa poderia aquecer um sensível corpo. As palavras aprisionadas no coração estagnam o poder da alma. A busca solitária pela compreensão do universo somente afasta a sabedoria; o coração que não possui amor não pode sondar os mistérios da vida.
As mãos foram criadas para se doarem, os pés foram criados para o caminho, a língua e o ouvido foram criados para o diálogo... Cada pequena peça do universo abriga em si um imenso universo – que integra um infinito campo de repouso e movimento para toda a matéria disseminada no espaço. Quão admiráveis se tornam aqueles olhos que enxergam pela primeira vez uma célula no microscópio. Tais olhos presenciam a revelação de um universo oculto – algo que não pensavam existir, mas que está presente em todos os cantos do espaço: nos sons que não podemos ouvir, nas imagens que não podemos ver e em tantas outras maravilhas que precisamos desvendar para contemplar.
Tudo o que existe, por carregar em si o milagre da vida, é sagrado, e mesmo as matérias fecais de alguns animais servem para fertilizar a terra da qual se extrai o alimento para os seres. Mesmo o mais reles homem pode ter o seu dia de herói; tudo depende de uma mudança na utilização da força existente nas obras da criação. Mesmo os vermes que devoram a carne humana, considerados abortos da natureza por muitos, são muito úteis à criação; o que seria do mundo se não existisse a decomposição dos seres mortos? Tais vermes são inúteis? Não, pois não existem criações inúteis; apenas existem obras criadas para a inércia, obras deslocadas do seu lugar. As pedras podem ser inúteis no meio de um caminho, contudo, são essenciais para edificar a construção que vai permitir descanso ao fatigado viajante. Tudo é uma questão de recolocação, desvio.
Todos os seres que possuem o privilégio de pensar poderiam utilizar tal dádiva para refletirem sobre aquilo que lhes circunda e aquilo que se move dentro de si, pois são somente uma coisa. Se pudéssemos ver que estamos todos em interação, e que há uma força suprema e irrevogável – denominada amor – colaborando para a nossa existência, aprenderíamos a transformar forças negativas em positivas; não há o que destruir, pois o amor não destrói, o amor transforma; diviniza tudo o que toca. Somente através dele os seres poderão efetuar a sinergia sagrada que lhes permitirá a harmonia tão necessária à existência.

©opyright by Lulu Reis ®

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